A Leishmaniose visceral é uma zoonose causada pelo protozoário Leishmania e transmitida pelo mosquito palha.
No Brasil, ela está presente em todas as regiões do país e é considerada um grande problema de saúde pública. Aqui, aproximadamente 3500 novos casos de leishmaniose humana são notificados a cada ano, principalmente no Nordeste. A doença é fatal em cerca de 6 a 7% dos pacientes.
Nos cães, a infecção pela Leishmania se apresenta de forma bem diferente. A maioria dos cães infectados não desenvolve a doença. Eles podem carregar o parasita por meses ou anos, sem sinais clínicos, e algumas vezes conseguem se livrar da infecção de forma espontânea.
O desenvolvimento da leishmaniose canina está diretamente relacionado ao sistema imunológico do animal. Se ele estiver doente e debilitado por outro motivo, pode desenvolver a doença ativa.
Quadro clínico da leishmaniose canina
Essa é uma doença crônica e generalizada que pode atingir todos os órgãos e tecidos do organismo. Seus principais sinais são:
- aumento generalizado dos gânglios linfáticos;
- emagrecimento;
- perda de apetite;
- apatia;
- palidez das mucosas;
- aumento do baço;
- sede;
- aumento da quantidade de urina;
- febre;
- vômitos;
- diarréia.
Na pele, podem ocorrer:
- inflamação;
- queda do pelo;
- nódulos, úlceras ou lesões com pus;
- aumento do tamanho das unhas.
Nos olhos é comum observar:
- inflamação das pálpebras, conjuntiva e córnea;
- olho seco;
- inflamação intraocular.
Menos frequentemente, podemos observar:
- lesões nas mucosas oral, nasal e genital;
- sangramento nasal;
- dificuldade para andar;
- alterações neurológicas.
O acometimento dos rins é frequente na leishmaniose canina e a insuficiência renal é uma das principais causas de morte nesses pacientes.
Diagnóstico
O diagnóstico da leishmaniose canina é feito com base no exame clínico e laboratorial. Os utilizados são:
- Testes que identificam os anticorpos contra o parasita no sangue do animal: Reação de imunofluorescência indireta (RIFI), Ensaio imunoenzimático (ELISA) e Imunocromatografia.
- Testes que detectam o parasita: citologia, histologia e cultura.
- Testes que detectam o DNA do parasita: reação em cadeia de polimerase (PCR).
O diagnóstico é complexo e depende da interpretação cuidadosa dos exames frente ao quadro clínico do animal. Apenas um veterinário qualificado pode afirmar que um cão tem leishmaniose e qual a conduta mais indicada.
Um cão com sorologia positiva para leishmaniose pode estar:
- doente (o animal apresenta sinais clínicos e laboratoriais de leishmaniose).
- infectado (o animal é portador do parasita, mas seu sistema imunológico está sendo capaz de manter o controle e evitar a doença).
- exposto (o animal foi exposto ao parasita, mas conseguiu eliminar a infecção e mantém apenas uma quantidade pequena de anticorpos circulando pelo corpo).
Tratamento
O tratamento da leishmaniose canina tem o objetivo de melhorar clinicamente o animal e reduzir a quantidade de parasitas em seu corpo.
Todos os animais em tratamento devem utilizar medidas como inseticidas tópicos, por exemplo, para diminuir a chance de serem picados pelo mosquito e transmitir a doença.
O único medicamento aprovado para o tratamento da leishmaniose canina no Brasil é a miltefosina. Além deste, são utilizados:
- Imunoterapia: aplicação da vacina Leishtec.
- Imunomodulação: domperidona.
- Alopurinol.
Os protocolos de tratamento variam de acordo com a gravidade da doença.
Prevenção da leishmaniose canina
A principal medida para prevenir a leishmaniose canina é o uso de inseticidas tópicos com propriedade repelente como:
- permetrina
- cipermetrina
- deltametrina
- flumetrina
A vacinação é indicada como forma de prevenção, mas não substitui o uso de repelentes.
Outras medidas preventivas são:
- telar os canis, janelas e portas;
- evitar passeios nos horários de maior frequência do mosquito (de tardinha e à noite).
Os animais com leishmaniose canina podem ser tratados. Alguns tutores fazem a opção pela eutanásia por não acreditar na possibilidade de cura, mas os avanços da medicina veterinária trouxeram muita esperança para esses pacientes.
Atualmente, o tratamento consegue recuperar a saúde da maioria dos animais com doença leve e moderada e de muitos com formas graves da leishmaniose. Não desista do seu companheiro, ele merece uma chance.
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